domingo, 21 de junho de 2009

Angústia

A solidão, não ter com quem ter.
O calado da angústia. O vazio de estar, do não, o anti qualquer coisa, o não ser, o nada.
A angústia cortante do falar consigo mesmo, do não suprir, aquela do peito encolhendo, cada vez mais apertado. Uma dor calada que pára na garganta.
Quem sabe um outro ouvido atento para lhe aliviar a dor?
Não, talvez hoje não.
Quem sabe um amigo atento para lhe fazer sorrir?
Não, hoje não. Outro dia talvez.
Quem sabe alguém também só para fazer companhia à solidão de um com a do outro?
Acho que sim. Hoje pode ser, embora a angústia não venha com a solidão, ela também não se vai com palavras. Quem sabe cozinhá-la com outra angústia ou com a tristeza de alguém só, quem sabe trocar emoções como quem troca figurinhas – uma conversa banal, mas a expressão sincera e silenciosa de respeito à dor alheia: “Eu trago a tristeza no peito”. “E eu tenho uma angústia aqui parada”.
Assim, em silencio, as dores se reconhecem e silenciosamente fazem companhia uma à outra, deixando os mortais transeuntes livres para dar um passeio.

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