terça-feira, 19 de maio de 2009

FINALMENTE LIVRE

Manhã de sábado, são nove horas, o sol brilha num céu azul com radiosa luminosidade, o ar tem um frescor perfumado de terra molhada, mesclado de flores silvestres, pois o jardim da rica mansão paulistana, principia o seu desabrochar. É primavera!
Todos os serviçais da casa estão em alvoroço com os preparativos da grande recepção que acontecerá, logo mais, à noite.
Somente ela, a principal personagem da comemoração está triste e fechada em seus pensamentos. Com toda essa balbúrdia, não notam seu abatimento.
Mas o que acontece à linda e delicada jovem que se prepara para oficializar seu noivado, com o rapaz mais requisitado pelas famílias da sociedade, que tem filhas casadouras ?
Sozinha em seu quarto, ela chora até secarem suas lágrimas; mas como solucionar o problema? Não quer magoar seus pais, mas tão pouco quer unir-se a um homem que deixou de amar ao descobrir a vileza de seu caráter e que ninguém realmente imagina ser tão torpe? O que fazer?
Quantas vezes ela planejou conversar com seus pais, mas nunca teve coragem suficiente para desmascará-lo, foi fraca ela reconhece. Á tarde, sempre que ouve o som da campainha, seu coração estremece, sabe que ele, o monstro, está do outro lado da porta. Mas, bem dentro de seu coração, ela tem uma tênue esperança de que ele próprio desista do compromisso; porque depois de uma séria conversa que tiveram, pela primeira vez notou mudança no comportamento do rapaz, seu ar arrogante, cínico e debochado, não mais estava em seu rosto, talvez temesse ser desmascarado e dominou, como no inicio da relação, seu mau caráter, e .......
- Minha filha, desça, seu noivo está aqui e pede para falar com você!
Pobre menina, seu coração parece que vai saltar do peito quando ouve a voz de sua mãe que a chama. Levanta-se da poltrona onde está prostrada, passa um lenço pelos olhos, tenta disfarçar seu semblante nostálgico com maquilagem, escova os cabelos e sai, cabisbaixa do quarto, atendendo ao chamado.
Que esperança vã pensa, como tenho coragem de sonhar com um gesto de dignidade de tão torpe criatura?
Mas o grande monstro está lá, em sua casa, conversa com seus pais, o falso príncipe. Mas, tem ela coragem para desmascará-lo?
Lentamente aproxima-se do grupo e sem entender bem o que está acontecendo, senta-se ao lado de sua mãe que soluça baixinho, enquanto seu pai aproxima-se dela e com voz embargada pela dor que demonstra no olhar, diz-lhe carinhosamente que não mais haverá noivado, que está tudo acabado, que .....
A jovem, de um salto levanta-se, olha ao redor das salas enfeitadas e sorri, como há muito não o fazia e quase aos gritos exclama :
- Maravilha, já posso acordar e viver, o dinossauro já não estará mais aqui.


DOCARMO. / abril de 2007.

2 comentários:

  1. Do Carminho, que lindo! Achei seu texto muito bom, uma narrativa clara, um roteiro bem elaborado. Chegeui a ver a menina passando o lenço nos olhos , tadinha.
    Beijinhos pra vc minha querida.
    San

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  2. Carmo surpreendente
    amiga de sempre,
    precisa comover-nos sempre?
    Nós sabemos como você é e sempre estaremos
    esperando coisas novas e bonitas! Bruna

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