terça-feira, 19 de maio de 2009

Delírios de Mim







A folha
comeu, deitou, dormiu.
No outono, acordou c
a
í
d
a.
Escolheu, sonâmbula, o chão mais perto, preciso.
Não chorou. A penas, se coou.
- Eu? Não comi, não deitei e, insone, e-s-p-e-r-e-i a primavera.
Fui escolhido, acordado, inchado e úmido.
Queria ter caído, mas fiquei preciso e desperto todos os dias de minha árvore.
Penso que, se ela fosse eu,
talvez teria escolhido lírios.
Os lírios não caem.
Murcham.
Não escolhem, encolhem.
Encobrem as folhas, onde estão as folhas,
que comem, deitam, dormem.
No outro outono, acordam, de novo, caídas.
A árvore, quando faz uma folha, ela me líria:
- Se fosse eu, teria escolhido você.

Maurici

Um comentário:

  1. Li seu poema várias vezes. Sei que nem sempre o autor quer deixar óbvia a mensagem, mas essa me pegou. Ela escolheu o chão para se coar. Ele era parte de uma árvore. Ao soltar uma folha, ele sentia o mesmo que um lírio sente ao desabrochar. Depois, os lirios não caem, eles murcham. No outono seguinte acordam, caídas...aí que eu pergunto: quem acorda caída? A árvore, as folhas?
    desculpe a provocação.
    bedjo
    san

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